Importância da Agua na Construção Civil
Falta ou excesso do elemento pode resultar no surgimento de diferentes problemas
Conhecida como solvente universal, a água é fundamental na preparação do concreto. A correta dosagem do elemento interfere diretamente nas reações químicas da mistura e, consequentemente, nas características técnicas de resistência e durabilidade das estruturas.
A presença do líquido é indispensável, entre outras razões, porque o cimento consome aproximadamente 19% de seu peso em água para formar os cristais sólidos que promovem a resistência mecânica do concreto. O líquido também atua na trabalhabilidade do concreto, ou seja, colabora para que a mistura assuma aspecto plástico suficiente para ser transportada e aplicada nas fôrmas.
Para que cumpra suas funções, a água deve ser adicionada em quantidades adequadas, dependendo de cada caso.
A precisão dos cálculos para determinar a quantidade ideal de água só é possível após o estudo de dosagem, que leva em consideração local e tipo de aplicação, requisitos de projeto, qualidade do cimento e agregados disponíveis, entre outros fatores.
O parâmetro mínimo da relação agua / cimento são estabelecidos pela ABNT NBR 12655 – Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento.
A análise deve constar da fase de planejamento da obra. Sua execução e princípios básicos precisam ser rigorosamente seguidos. Em um país de proporções continentais como o Brasil, cada construção apresenta particularidades que necessitam ser consideradas. Por isso, é recomendado abolir as tabelas de traço geral
A ausência de controle da água é uma das principais causas de fissuras no concreto, que surgem devido à retração que ocorre durante o endurecimento da estrutura. O excesso de água é um catalisador da retração, mas não é a única e nem a mais importante causa. A falta de cura (procedimentos de proteção para minimizar a perda de água) e a exposição excessiva ao sol ou calor também influenciam o fenômeno. Outro problema causado por misturas com água em demasia é o concreto com alto índice de vazios.
Já a falta de água dificulta os processos de lançamento e adensamento, provocando falhas de concretagem. Nesses casos, além dos altos custos para os reparos, há o comprometimento da segurança da estrutura. Na etapa de preparação da massa, em hipótese alguma deve ser adicionada água sem o devido controle. O processo de produção precisa assegurar que a quantidade de água seja exatamente a especificada, nem mais e nem menos.
Existem diversos equipamentos que auxiliam no controle da quantidade de água adicionada na mistura. Em pequenas obras, em que o concreto é produzido manualmente, um simples balde graduado ou de volume conhecido pode ser utilizado. Entretanto, essa alternativa não é indicada para execução de peças estruturais. Opção que permite maior controle na preparação do concreto misturado na obra é a proveta graduada.
Os materiais de maior precisão no controle são os hidrômetros, que, geralmente, são instalados nas centrais dosadoras e nos caminhões betoneira. Outra possibilidade, também de resultado bastante exato, é a utilização de balança para medição de cada elemento adicionado ao traço de concreto.
Independentemente do equipamento, é imprescindível a calibração prévia e que existam planos de manutenção dos dispositivos. Por exemplo, o balde pode amassar, os marcadores da proveta ficarem apagados ou existirem erros na balança e hidrômetros, ressaltando que nunca deve ser adicionada água diretamente da mangueira, pois não há como controlar a quantidade.
A hidratação do cimento continua por um longo período após a preparação do concreto, e é preciso que as condições ambientais favoreçam essas reações químicas. A água de amassamento (da mistura) é essencial no processo de hidratação. Por isso, é necessário que após a pega (endurecimento) não ocorra a secagem do concreto.
Existem variados métodos para manter a umidade, e cada situação demanda uma solução diferente. Por exemplo, para que produtos pré-moldados ganhem resistência mais rapidamente, o processo indicado é a cura a vapor, que consiste no aquecimento da peça em ambiente saturado de vapor.
Já para pavimentos expostos ao sol, pode-se espalhar serragem ou sacos de ráfia, mantendo a superfície sempre úmida durante alguns dias – entre sete e 14 – conforme a necessidade. Em pisos que não receberão nenhum tipo de tráfego, a alternativa é utilizar agentes de cura à base de parafina ou óleo, materiais que são mais leves do que a água e evaporam lentamente, prendendo a água dentro do concreto abaixo. Está técnica é interessante por ser possível aplicá-la sobre o concreto ainda fresco.
Quando o ambiente é protegido do sol, após 24 ou 48 horas, a superfície do concreto pode ser saturada em água e até coberta por plástico impermeável. Atualmente, algumas obras estão elevando a resistência do concreto para dispensar a realização da cura. Essa é uma prática desesperada para contornar a falta de planejamento.
Para ser empregada no concreto, a água deve ser potável. A presença de matéria orgânica prejudica a durabilidade da estrutura ou resulta no aparecimento de manchas. Outra questão é a existência de sal (NaCl), que é bastante prejudicial para as armaduras de aço. De maneira geral, a água de abastecimento público atende aos critérios necessários. Essa questão é tão importante que existe uma norma exclusiva para tratar do assunto, a ABNT NBR 15900 – Água para amassamento do concreto.
Rogerio Abreu. 37 Anos. Diretor Técnico da R.A.V. Projects Consultoria e Projetos, há mais de 15 anos no ramo de construção civil oferecendo soluções a todos os tipos de problemas.