IMÓVEIS ANTIGOS PODEM GERAR ENERGIA FOTOVOLTAICA
Edificações devem dispor de cobertura com pouco sombreamento, capacidade para suportar o peso dos coletores solares e instalações elétricas em conformidade com as normas vigentes
O avanço da tecnologia de geração de energia solar fotovoltaica tem conquistado espaço na construção civil, mas ainda desperta dúvidas nos consumidores, principalmente sobre a instalação das placas e painéis fotovoltaicos em imóveis antigos.
Independentemente da idade da residência, é necessário analisar suas condições de conservação para determinar a viabilidade de execução do arranjo fotovoltaico. A visita in loco é importantíssima, além das plantas do projeto.
A inspeção técnica deve ser feita ainda na fase de prospecção, antes de efetivar as compras. Isso evita a dor de cabeça de ter que avaliar uma reforma posterior.
INCIDÊNCIA SOLAR
Diversos fatores devem ser observados antes da instalação das placas fotovoltaicas em uma construção existente, a começar pelo espaço disponível e a incidência solar que ele recebe. A área deve estar livre de objetos causadores de sombra em seu entorno, como prédios, árvores, antenas, chaminés, entre outros.
A análise também deve levar em consideração a orientação e inclinação do telhado, dados utilizados para projetar quantos módulos fotovoltaicos podem ser colocados na área de melhor captação solar, ressaltando que melhor orientação é para o norte, seguido por leste ou oeste. “O ideal é que a inclinação ou declividade não seja muito elevada, e se for, que o caimento seja o mais voltado para o norte, ponderando que um telhado orientado para o sul também consegue captar bons níveis de energia solar.
CONDIÇÃO DA COBERTURA
Quando as placas fotovoltaicas são instaladas na cobertura do projeto, a estrutura deve ter resistência para suportar a sobrecarga aplicada pelo sistema, que gira entre 20 e 30 kg/m². Em telhados tradicionais, com telhas cerâmicas, é necessário armazenar peças idênticas às instaladas para efetuar substituição caso alguma quebre durante a instalação.
Também é importante considerar a ação do vento sobre as placas. O vento é particularmente preocupante, principalmente quando os painéis são instalados de forma inclinada, em plano diferente da cobertura, pois os esforços podem ser muito maiores nessa condição. Em alguns casos, é necessário realizar reforços estruturais para viabilizar esse sistema. Pode ser necessário adicionar vigas e caibros, ou então criar uma estrutura customizada para melhor distribuição dos esforços na estrutura existente.
Em telhados de galpões industriais e projetos similares, essa adaptação é quase sempre necessária, uma vez que essas estruturas são feitas para suportar materiais leves como telhas de fibrocimento ou metal. Essas estruturas não suportariam a mesma área de placas solares, que são mais pesadas que as telhas desse tipo.
Caso o imóvel seja tombado, as intervenções devem ser mínimas, uma vez que o arranjo fotovoltaico altera o aspecto do telhado. É necessário verificar na prefeitura quais são as restrições mencionando que está reformando um imóvel tombado que prevê um sistema com aval e subsídios da prefeitura. Um aspecto desvantajoso de imóveis antigos é que alguns não contam com uma laje impermeabilizada. Nesse caso, precisa-se tomar um cuidado especial para que a instalação não provoque qualquer infiltração.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
A princípio, as instalações elétricas não deveriam representar um entrave para o sistema fotovoltaico. No entanto, quase a totalidade das edificações antigas apresentam instalações elétricas também muito antigas, o que dificulta a instalação das placas fotovoltaicas, que necessitam de um circuito elétrico particular. Dessa forma, o melhor a se fazer é uma revisão das instalações elétricas para garantir que os alimentadores, circuitos, quadros de distribuição e outros elementos atendam às normas técnicas vigentes.
Muitas edificações antigas não contam com um aterramento funcional. Neste caso, ele deve ser instalado, o que aumenta a segurança geral para o prédio. A depender das normas de cada distribuidora, também pode ser necessário adicionar algum tipo de proteção não prevista em uma instalação padrão.
Outro componente do sistema é o inversor, que deve ser fixado em um local arejado, sem poeira e sem incidência de sol ou chuva. Ele é completamente silencioso e não incomoda os moradores. Entre as placas, inversor e quadro de distribuição deve haver espaço para colocação de eletrodutos para acomodar a passagem dos cabos.
INVESTIMENTO QUE SE PAGA
O custo-benefício da instalação de um sistema de placas fotovoltaicas em imóveis já existentes deve ser avaliado caso a caso, uma vez que dificilmente dois imóveis terão a mesma necessidade. Independentemente dos custos, é muito raro o sistema se tornar inviável devido às adaptações necessárias.
O retorno do investimento quanto à geração de energia depende da irradiação da região da instalação e da tarifa de energia cobrada pela concessionária local. No Brasil, costuma variar entre 6 e 8 anos.
A manutenção do arranjo fotovoltaico se restringe à limpeza superficial das placas, cuja frequência varia de acordo com a incidência de poeira no local da instalação e do regime de chuvas. Em cidades próximas a mineradoras pode haver um acúmulo muito grande de resíduos, impactando na geração e encarecendo o projeto.
O que não pode ocorrer é o abandono, deixando o gerador solar fotovoltaico sem qualquer inspeção, limpeza e manutenção preventiva. Não realizar uma manutenção pelo menos anual, em que se faça a limpeza das placas solares e inspeção da parte elétrica, pode significar perda de rendimento, que ao fim de dois anos pode ser superior a 20%.
Já em relação aos equipamentos, estipula-se a troca dos inversores entre 10 e 15 anos. É importante frisar que, após 10 anos, o sistema já estará mais do que pago pela economia. O inversor pode custar entre 10% e 25% do custo total do sistema hoje, mas em 10 anos deverá custar menos ainda. Como os estudos de viabilidade são feitos para 25 anos, é imprescindível colocar a manutenção e troca dos inversores na conta.
Abaixo temos alguns vídeos sobre as instalações fotovoltaicas
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Rogerio Abreu. 38 Anos. Diretor Técnico da R.A.V. Projects Consultoria e Projetos, há mais de 15 anos no ramo de construção civil oferecendo soluções a todos os tipos de problemas.